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Curso de Leitura da Bíblia Sagrada 2022/2023 – Gênesis 25-36

INTRODUÇÃO

A História de Abraão é seguida da história de seu filho Isaac e de seu neto Jacob, formando assim uma tríade histórica e de fé dos três primeiros patriarcas do povo hebreu, que produzirá uma expressão muito comum no texto bíblico, relacionando a pessoa de Deus a esses três personagens: “O Deus de Abraão, Isaac e Jacob” (Ex 3,6; Mt 22, 32; At 15, 14; Rm 2, 29; Ef 2, 19).

1. Narrativa Bíblia: Capítulos 25-36

O capítulo 25, 1-18 narra a descendência de Quetura, a segunda esposa de Abraão, a morte do Patriarca e a descendência de Ismael, filho de Abraão com a escrava egípcia Hagar, temas que foram vistos na semana anterior.

Com a morte de Abraão, o patriarcado da família passa a seu filho Isaac, já adulto e casado (24, 66). Por essa razão o autor bíblico inicia a história de Isaac narrando o nascimento de seus filhos Esaú e Jacob.

Rebeca é tida por estéril, mas concebe por milagre de Deus, e dá à luz a filhos gêmeos (25, 24). Uma profecia narra a disputa entre ambos os irmãos e uma quebra na tradição: o mais velho servirá ao mais novo (25, 22-25).

Nasceram então os filhos de Jacob e de Rebeca, Esaú, o mais velho foi caçador e Jacob, o mais novo, foi pastor de ovelhas (25, 24-27). Isaac preferia Esaú e Rebeca preferia Jacob (25, 28).

O capítulo 25, 29-34 narra a venda do direito de primogenitura por um prato de lentilhas, feita por Esaú a Jacob.

Passada a narrativa do nascimento dos seus filhos, o Capítulo 26 do Gênesis passa a narrar mais detidamente a história de Isaac, filho de Abraão e Sarah.

O capítulo 26, 1-26 narra a fome na terra (26, 1); tendo Isaac se abrigado junto a Abimelec, rei dos filisteus (26,1), pois não devia ir ao Egito, uma vez que Deus lhe proibiu expressamente de fazer tal viagem.

Isaac busca refúgio entre os filisteus e lá repete o erro de seu pai Abraão e por medo de ser morto pelos filisteus, afirma que a bela Rebeca é sua irmã e não sua esposa (26, 7). Rebeca não é levada ao harém do rei, mas esse percebe que Isaac e Rebeca são marido e mulher e Isaac é repreendido pelo Abimelec (26, 8-11).

Isaac permanece na Filistia e Deus o abençoa (26, 12-14).

Apesar do progresso material, Isaac enfrenta a contenda com os moradores do lugar em razão da disputa pela água (26, 15-25), o que vai levar a uma aliança com Abimelec (26, 26-27).

A esse tempo, os filhos de Isaac, Esaú e Jacob, já são adultos, quando então Esaú toma por esposa uma mulher daquela região, em lugar de uma aparentada, como era a tradição, trazendo tristeza a seus pais (26, 34).

O capítulo 27 narra o ato de Rebeca e Jacob que enganam Isaac já velho, para que este abençoe a Jacob, com a benção patriarcal, em um ardiloso plano de preferência entre pais e filhos. Esse ato enganoso provoca a ira de Esaú contra Isaac, levando seus pais a enviá-lo à casa de Labão, irmão de sua mãe Rebeca (28, 1-5).

Enquanto isso, Esaú toma outra esposa dentre os povos pagãos da região (28, 9).

Enquanto Jacob viaja para a casa de Labão, ele acampa em certo lugar e ao dormir sonha com uma escada que liga a terra aos céus, por onde os anjos sobem e descem, e chama então esse lugar de “Betel”, que significa “Casa de Deus” (Gn 28, 10-22).

Em Gênesis 29, 1-14, Jacob chega à casa de Labão, mas antes disso, conhece Raquel, filha de Labão, seu tio, tendo auxiliado essa a dar de beber às ovelhas que ela pastoreava. Labão recebe o seu sobrinho em casa, em uma aparente amistosidade. Jacob se apaixona por Raquel e propõe ao seu tio trabalhar por sete anos em troca do casamento com Raquel. Após sete anos de trabalho, o casamento se realiza, mas na hora das núpcias, Labão engana Jacob, e quem entra na sua tenda é a irmã mais velha, Lia. Jacob somente descobre que fora enganado na manhã seguinte. Diante da reclamação, Labão apela para o costume da terra de casar primeiro a irmã mais velha. E como solução para o impasse, propõe dar Raquel em casamento a Jacob, após as bodas com Lia, em troca, claro, de mais sete anos de trabalho. Jacob aceita a propostas por muito amar Raquel. Após a semana de bodas com Lia, Jacob recebe Raquel por esposa e trabalha mais sete anos para o seu tio Labão (29, 15-30).

O texto de Gênesis 29, 1 – 30, 1-22 narra a questão dos filhos de Jacob. Além de Sarah esposa de Abraão e Rebeca esposa de Isaac, Raquel, a esposa do terceiro patriarca também é estéril. Curiosamente é a terceira geração de matriarcas estéreis. Enquanto Lia tem vários filhos, Rebeca não gera filhos, o que traz uma relação ciúmes e disputa entre as irmãs (30,1). Raquel então entrega a sua escrava Bila, para Jacob lhe dar filhos por ela (30, 3-8). Diante disso, Lia também entrega a sua escrava Zilpa, para que Jacob lhe dê mais filhos por ela (30, 9-13). Ao final, Raquel que era estéril concebeu e deu a luz a um filho que chamou de José (30, 22-24).

O texto de Gênesis 30, 25-43 narra o enriquecimento de Jacob enquanto trabalhava para Labão. Após anos de trabalho, Jacob manifestou seu desejo de sair, mas Labão insistiu que ele ficasse e acertaram como pagamento uma meação: as ovelhas brancas seriam de Labão e as ovelhas malhadas e listradas seriam o pagamento de Jacob. Jacob então cria um sistema de influenciar as ovelhas de tal modo que as boas concebem filhotes malhados e listrados e as mais fracas concebem filhotes brancos, o que aumenta o seu rebanho diante do rebanho de seu tio e patrão.

O capítulo 31 narra a fuga de Jacob diante de Labão. O enriquecimento de Jacob provoca a ira e desconfiança de Labão e seus filhos em relação a Jacob. Nesse tempo, Jacob, atendendo a um chamado de Deus, revolve voltar a Canaã. Contando com o apoio de suas esposas, ele toma todos os seus bens e parte, mas Labão o persegue e o alcança, eles então discutem a relação havida por durante anos. Ao final Labão cede e eles selam a paz, tendo Labão retornado a sua casa, enquanto Jacob volta para a casa de seus pais em Canaã.

O capítulo 32 narra a viagem de Jacob de volta a Canaã e o famoso episódio da “luta com Deus no vau do Jaboque”. Jacob manda mensageiros a Esaú, como uma espécie de pedido de paz, mas o próprio Esaú está vindo ao encontro de Jacob. Diante disso, Jacob, imaginando que seu irmão pretende se vingar das enganações do passado, divide a sua caravana em dois grupos (32, 4-14).

Como forma de boa vontade, separou de seu patrimônio um bom presente para Esaú (32, 15-22).

Durante aquele dia, Jacob e sua família passaram pelo vau do rio Jaboque, narrando o texto uma luta mística que ele teve com um homem que seria talvez um anjo (32, 25). Jacob então chama aquele lugar de Fanuel, em algumas traduções, Peniel, pois disse: “Vi a Deus face a face”.

O encontro de Esaú e Jacob, narrado no capítulo 33, em lugar de ser uma batalha, uma carnificina de vinganças em razão dos problemas, erros e enganos do passado, ocorre na verdade em clima de paz e reencontro.

Uma vez estabelecido em Canaã, Jacob enfrenta um problema grave com três de seus filhos (capítulo 34).

Dina, filha de Jacob e Lia, sofre um estupro por parte de um príncipe de Siquém, cidade do lugar. Diante disso, propõe-se o casamento entre ambos, pois o estuprador estaria apaixonado por Dina (34, 8-12). Os filhos de Jacob dizem que somente poderia ser Dina esposa de um filho da terra se ele fosse circuncidado. Propuseram então que todos daquela família fossem circuncidados, como eles eram desde o tempo de Abraão, para então se casarem entre si. Aceitada a proposta, todos os homens daquela família foram circuncidados. No terceiro dia, enquanto ainda se recuperavam das cirurgias de circuncisão, Simeão e Levi, irmãos de Dina, foram até lá e mataram todos os homens da cidade ao fio da espada e tomaram todos os seus bens. Jacob os repreende, mas eles alegam a honra de Dina como motivo para a matança (34, 25-31).

Deus então manda que Jacob vá para Betel, o lugar onde ele sonhara com uma escada que ligava a terra ao céu e habite lá (35, 1-14). Assim ele fez, e neste lugar ele habitou e Deus reafirmou as promessas feitas antes a Isaac e a Abraão de constituir a partir deles uma grande nação. Esse então muda o seu nome de Jacob para Israel (aquele que luta com Deus).

Depois disso, Raquel da a luz a Benjamin e morre em razão do parto (35, 16-20).

Jacob, que agora se chama Israel, passa um tempo longe de casa, e Rubem foi dormir com Bila, sua concubina (35, 21).

Os filhos de Jacob foram em número de 13, a saber, Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulon e Dina, filhos da primeira esposa Lia; Gade e Aser, filho da concubina Zilpa; Dã e Naftali, filhos de sua concubina Bila e José e Benjamin, filhos de sua esposa Raquel (35, 23-26).

Isaac, pai de Esaú e Jacob, morre, sendo sepultado por seus filhos (35, 27-29).

O capítulo 36 a descendência de Esaú.

2. Análise do Texto: Capítulos 25-36

Isaac agora é o patriarca da família, sucedendo a seu pai Abraão. Porém, uma análise ligeira do texto bíblico deixa transparecer uma ideia interessante ao leitor atento.

Enquanto a vida de Abraão é extensa e bastante detalhada, com suas viagens, suas mulheres, filhos e aventuras, a vida de seu filho Isaac recebe pouco tratamento do escritor bíblico. Com efeito, com exclusão de alguns detalhes como o nascimento e o casamento com Rebeca, a vida de Isaac está basicamente resumida no capítulo 26[1].

De outro lado, a vida de Jacob, um dos filhos de Isaac e neto de Abraão, é bem intensa, cheia de aventuras, trapaças, desventuras, juntamente com suas duas esposas e as duas concubinas, e ainda, seus doze filhos. Nesse aspecto, a vida de Jacob se assemelha mais à de Abraão seu avô, enquanto, pelo menos no aspecto narrativo, a vida de Isaac é bem menos interessante.

Claro que isso não diminui em nada a importância de Isaac no relato bíblico e na história de formação do povo hebreu, trata-se apenas de uma constatação objetiva, realizada a partir do relato bíblico. Talvez essa pequena importância descritiva que o texto dê a Isaac sirva para nos ensinar que cada um de nós tem um papel na história, e nem sempre esse será um papel de um grande e majestoso protagonista, entretanto, devemos tomá-lo como uma importante missão e realizá-lo com toda a alegria e esforço.

2.1. O ciclo de Isaac

As notas relativas a Isaac, concentradas no capítulo 26 dizem respeito a sua estadia em Gerara[2], a principal cidade dos filisteus, em razão de uma fome na terra em que vivia (26, 1). O seu pai Abraão também vivera essa questão da fome e foi para o Egito (12, 10-20), mas quanto a Isaac, Deus foi expresso em vetar sua ida ao Egito (26, 2-5), tendo Isaac obedecido prontamente ( 26, 6).

Em Gerara, Isaac irá repetir o mesmo erro de seu pai Abraão, mas sem maiores consequências. Ele também por medo de ser morto em razão da beleza de sua esposa Rebeca, diz ao povo do lugar que ela é sua irmã (26, 7). Ao contrário de Sarah no Egito, Rebeca não é recolhida ao harém de Abimelec, e também não consta que ela tenha tido a sua intimidade ou a sua dignidade sexual violada. Ocorre que o Abimelec, o rei de Gerara viu Isaac com alguma intimidade com Rebeca e o repreende pela mentira (26, 9-10).

Duas questões aqui são anotadas. A primeira é o fato reprovável da mentira de Isaac, valendo aqui a lição de que dissemos acerca de Abraão, no que diz respeito ao fato de Deus trabalhar também com instrumento ineficientes, e ainda, quanto ao fato de que Deus está moldando o caráter de cada um dos patriarcas, para dali constituir um povo, sendo razoável que esse processo tenha certa demora, tempo em que alguns erros graves são inevitáveis; o segundo ensinamento diz respeito à vergonhosa situação de ser repreendido por um pagão, que nesse aspecto se mostrou mais digno de honra e mais próximo daquilo que viria a ser no tempo de Moisés a Lei de Deus (26, 9-11).

É interessante notar que ambos, pai e filho poderiam se desculpar de suas mentiras, valendo-se de situações pecualiares. Abrão justificou sua mentira dizendo que Sarah era sua irmã de verdade, ao menos meia-irmã (Gn 20, 12); enquanto Isaac, filho de Abraão e incidente no mesmo erro, poderia dizer que Rebeca era sua prima, como efetivamente era, e o hebraico não tinha um termo específico para o termo prima[3], razão pela qual dizer e fazer o interlocutor crer que ela irmã, filha de seus pais, era razoável.

Em ambos os casos não há justificativa. Tanto Abraão quanto Isaac mentiram com a intenção de fazerem os seus interlocutores crerem que suas esposas eram suas irmãs, e assim, preservarem suas vidas.

Ainda vivendo entre os filisteus, Isaac verá o dilema da disputa pelos poços de água, entre seus pastores e os pastores de Abimelec.

Ora, a disputa por poços de água ressalta um problema comum e previsível na terra árida de Canaã. A água é essencial para a vida, para os rebanhos e para a agricultura, e quem tem o controle da água tem o domínio sobre todos os outros. A vida comum de uma família na região envolve necessariamente o acesso à água para continuar a viver e não será essa a última vez que os personagens bíblicos estarão envolvidos no dilema da falta de água, ou ainda, na disputa por água.

Não é de todo absurdo pensar que Deus está usando esse fator geológico e biológico, escassez e necessidade de água, como um instrumento pedagógico para mostrar a essencialidade da vida em Deus. Com efeito, talvez seja possível aí ver uma alusão às palavras de Jesus que se apresenta como uma fonte de água viva que jorra para a vida eterna (São João 4, 13-14).

A questão material daqueles dias, a necessidade de água fora resolvida com uma aliança com Abimelec (26, 26-33), mas a lição da carência e escassez de água permanecerá.

A aliança com Abimelec (26, 26-33), realizada em razão das disputas pelos poços entre os servos de Jacob e os homens de Abimelec, serve para mostrar, que Isaac era uma figura importante, rica e poderosa naqueles dias. Essa conclusão se chega pelo fato de que Abimelec quando vem discutir os termos de paz com Isaac traz o seu conselheiro e o general do seu exército.

2.2. O ciclo de Jacob

Nessa fase da revelação, a partir da vida de Jacob, Deus inicia a disseminação do seu processo de criação de uma grande nação, mediante os filhos de Jacob. Enquanto seu pai Isaac teve dois filhos, Esaú e ele próprio Jacob, e seu avô Abraão teve apenas um filho de sua esposa Sarah, Jacob terá 13 filhos: Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulon, Judá e Dina, filhos da primeira esposa Lia; Gade e Aser, filho da concubina Zilpa; Dã e Naftali, filhos de sua concubina Bila e José e Benjamin, filhos de sua esposa Raquel.

Jacob nasce como irmão gêmeo de Esaú, o filho mais velho de Isaac e Rebeca. Como mulher grávida, Rebeca percebe que os gêmeos já lutam e digladiam em seu ventre, mesmo antes de nascer. Não se sabe como, mas Rebeca ouve uma profecia, a Bíblia não menciona quem foi o profeta, de que o mais velho serviria ao mais novo, quebrando assim a regra patriarcal (25, 23). Jacob nasce segurando o calcanhar de Esaú, por isso o nome que lhe deram, Jacob, significa o suplantador, pois ele vai suplantar seu irmão mais velho como patriarca da família[4].

Santiago Guijarro Oporto e Miguel Salvador Garcia[5] situam que essa narrativa de luta entre os irmãos no seio materno serve para definir o caráter e a relação entre ambos, uma relação de beligerância de disputa que trará graves consequências para a vida familiar de ambos.

2.2.1. Jacob o suplantador

São dois os momentos em que Jacob de forma astuta, talvez mais, de forma bastante desonesta, vai enganar Esaú seu irmão.

Uma vez adultos, Jacob se vale de um momento de desespero e fome de Esaú, que está cansado e faminto após uma caçada, e lhe compra o direito de primogenitura por um prato de lentilhas (25, 29-34). É possível aqui ver um caráter censurável e aproveitador em Jacob, valendo-se do fato de seu irmão chegar faminto da caçada e lhe pedir comida, mas ele condiciona a cessão de alimentos, de um prato de lentilhas, ao direito da primogenitura. Por outro lado, não se pode desprezar e deixar de censurar a conduta de Esaú, rude e sem modos, com pouquíssima ou nenhuma importância para a tradição patriarcal, reputando-a como nada, buscando apenas o interesse pessoal e imediato, nesse caso figurado por um simples prato de lentilhas[6].

Deus escolhera por sua vontade a Jacob para ser o patriarca e essa vontade foi dada a conhecer a sua mãe ainda no período de gravidez (25 ,23). No entanto, será que Deus precisaria de um ardil humano, de uma esperteza que beira a desonestidade para cumprir o seu desejo? Por certo que não, mas Deus se valeu dos atos humanos para cumprir aquilo já havia decidido. Tal fato não escusa a Jacob, pois Deus poderia de modo diverso cumprir a sua vontade[7].

No segundo episódio, Jacob com a ajuda maliciosa de sua mãe Rebeca, engana a seu pai Isaac, já velho e com baixa acuidade visual, e toma a benção patriarcal que era devida a Esaú (27).

E como se faz tal engano? Isaac já velho e quase senil, pede a Esaú que lhe prepare uma carne de animal selvagem bem saborosa, para que ele coma e lhe dê a bênção patriarcal (27, 1-4). Rebeca ouve a conversa, chama Jacob, seu filho preferido e apresenta o plano de enganar Isaac, valendo-se de sua velhice e assim interceptar em favor desse a bênção que era devida a Esaú. Como se pode ver o plano tem certa dose de maldade e vilania, pois envolve um jogo de pura desonestidade para com uma pessoa idosa quase senil.

Enquanto Esaú sai à caça, Rebeca que sabe dos gostos do esposo, prepara-lhe um cozido de ovelha, veste seu filho Jacob com as roupas de Esaú e lhe cobre de vestes de pelos, pois Esaú era peludo. Jacob então traz o guisado a seu pai Isaac que chega a titubear com os seus próprios sentidos, percebendo a voz de Jacob, mas o cheiro de Esaú, que estava nas vestes (27, 6-25). Isaac, velho e doente, após comer a iguaria, abençoa Jacob pensando se tratar de Esaú.

Pouco tempo depois, Esaú chega com a iguaria e a oferece a seu pai Isaac, sobrando-lhe a bênção patriarcal, quando então todos percebem o engano.

Esaú irado e em prantos pede a seu pai que o abençoe, mas Isaac nega, dizendo que não pode mais abençoá-lo, pois a benção já fora dada a Jacob (27, 30-37). O desespero de Esaú é profundo e comovente, pedindo ao pai alguma bênção. O velho Isaac se levanta e proclama tristes palavras que mais se parecem com uma anti-bênção (27, 39-40).

Toda essa situação vai provocar um intenso ódio de Esaú para com o seu irmão, a separação da família, o sofrimento dos pais e vinte anos para que tudo volte a ser resolvido em paz[8].

Uma breve nota sobre a patriarquia ou sistema dos patriarcas se faz necessária aqui para bem compreensão dos fatos e sentido do texto bíblico.

Allan G. Johnson[9] define o patriarcalismo como um sistema social, no qual famílias inteiras, ou sociedades inteiras são organizadas em torno da ideia de domínio do pai, tendo surgido há mais ou menos 7.000 anos. Por seu turno, Pierre Chaunu[10] afirma que patriarquia é uma consequência natural do desenvolvimento humano e social, pois a família, centrada no homem provedor de alimentos, foi a célula primeira, o embrião de todos os núcleos sociais, portanto, a patriarquia era necessária que existisse em certo momento histórico. E nesse sentido, também vale a ideia de Rubim Santos Leão de Aquino[11], que define a organização familiar e a patriarquia como uma consequência natural da revolução agrícola, quando os seres humanos deixam a condição de coletores e caçadores e se organizam em núcleos a partir da família singular, grupos de famílias e clãs.

É a partir dessa definição que devemos estudar o ato de Jacob e de sua mãe Rebeca, quando enganaram Isaac, já idoso e com parca visão, para que a benção da primogenitura lhe fosse dada, em lugar a quem de direito caberia, Esaú, por ser o mais velho.

De outro lado, sabemos que Deus já havia decidido em sua soberana vontade que a condução da família caberia a Jacob e não a Esaú, com outras palavras, nesse caso, o próprio Deus foi contra o princípio da patriarquia, cabendo ao irmão mais novo chefiar e liderar o irmão mais velho.

Caberia a Esaú a benção patriarcal e a chefia da família, por ser este o irmão mais velho, o primeiro a nascer (25, 23), cabendo a Jacob a condição de coadjuvante na liderança da família.

O sistema patriarcal, tal qual definido linhas acima, nasceu há 7.000 anos, portanto, já estava consolidado há mais de 3.000 anos quando Isaac e Jacob eram homens adultos, portanto, não caberia a Jacob se irromper contra o sistema. Ademais, não cabe aqui a ideia de julgar o sistema como injusto ou inadequado, pois não devemos considerar um evento ocorrido há quase 4.000 anos a partir da perspectiva, valores e sistemas do mundo de hoje, isso seria um erro crasso.

O argumento de que Deus escolhera Jacob para liderar a família não o isenta de críticas ao trapacear o direito de seu irmão e enganar o seu pai. Isto é, Deus não precisa de nossas ilegalidades e arbitrariedades para conduzir a sua vontade e os seus desígnios. Por essa razão, o ato de Jacob, com o auxílio de Rebeca, foi ilegal, injusto, pecaminoso e reprovável.

Entretanto, o ato ilegal de Jacob de algum modo realizou aquele oráculo de Deus, dizendo que o mais velho serviria ao mais novo (25, 23). Isso quer dizer que Deus aprova a ilegalidade e o erro? De modo algum. A questão é que Jacob por seu caráter afoito, ambicioso e arteiro passou à frente do irmão, e, embora subjetivamente reprovável a sua conduta, objetivamente essa conduta realizou a vontade de Deus e ele, o mais novo, passou a ser o líder da família. Isso mostra que Deus é o Senhor da história e a conduz de forma soberana e misteriosa, podendo, inclusive, contar com a participação direta do homem em seu livre arbítrio. Isso também quer dizer que se Jacob não trapaceasse o seu irmão, de algum modo Deus iria fazer valer a sua vontade e Jacob teria a primogenitura. Deus não esteve e nem ficou refém da ilegalidade de Jacob.

A artimanha de Jacob e Rebeca não foi um engano suficiente para consolidar essa condição de o mais novo obedecer ao mais velho, pois de certo modo, afirma Teodorico Ballarini[12], Isaac tinha o poder de anular a bênção dada ilegalmente a Jacob, mas não o fez, pois, a benção não era um ato mágico, mas um ato jurídico e reclamava validade para produzir efeito.

Então de certo modo, Isaac sabendo que fora enganado, aceitou a enganação e manteve a bênção dada a Jacob, mesmo ilegalmente. Se assim foi, por que Isaac concordou com o erro ao ser engando? Talvez por saber que Jacob, apesar de enganador, estava mais habilitado para a condição de patriarca. De certo modo, podemos concordar com Santiago Oporto e Miguel Garcia[13], que afirma que nessa artimanha, nem mesmo Isaac é de todo inocente. Um prenúncio de tal afirmação é o fato de que Esaú não estava vinculado e não tinha compromisso com os valores familiares da patriarquia, e provou isso trocando o seu direito por um prato de lentilhas. O seu ato foi tão vil que seu irmão Jacob se sentiu de, mais tarde, no direito de lhe furtar a benção patriarcal (25, 29-34).

2.2.2. Jacob na Mesopotâmia, teofania, casamentos e filhos

A ação de Jacob tomando a bênção que cabia a Esaú provoca a ira desse, que leva os seus pais a enviar Jacob para a Mesopotâmia, cidade de Haran, onde vive Labão, irmão de sua mãe (27, 46; 28, 1-5).

No entanto, o que se observa da leitura do texto (27, 46; 28, 1-5) é que o motivo para a viagem não era mais a ira de Esaú contra Jacob, mas sim a necessidade de se buscar uma esposa no âmbito da família, sendo esse o costume da época. Essa aparente discrepância mostra que esse relato da vida dos patriarcas eram muitas vezes relatos diversos, que foram aos poucos sendo colacionados.

Jacob então parte para a Mesopotâmia, mais especificamente para a cidade de Haran. No caminho ele tem uma teofania, uma manifestação divina em sonho. Ele escolhe um lugar para dormir e usa uma pedra como travesseiro. Jacob sonhou com uma escada que ligava a terra ao céu, pela qual os anjos subiam e desciam. No topo da escada, Deus lhe diz que dele fará uma grande nação e lhe abençoará grandemente, repetindo as promessas feitas a Abraão e a seu pai Isaac. Atordoado com aquele sonho, mas crente de que se trata da verdade, Jacob acorda e diz que aquele lugar é terrível, por ser na verdade e “Casa de Deus” e a porta do céu, por isso chamou aquele lugar de Betel, que significa Casa de Deus (28, 10-19).

Jacob chega a Haran, à casa de seu tio Labão e ao conhecer a sua filha Raquel, ela a ama desde o primeiro instante. A forma como conhece Raquel é peculiar, pois existe uma certa regra para os rebanhos de ovelha beberem água, pois todos precisam estar juntos com os seus rebanhos, para que todos tenham acesso igualitário à água. Ao ver Raquel, a bela pastora de ovelhas, Jacob, procurando galanteá-la, usa e mostra sua força[14], retirando a pesada pedra da entrada do poço, para que Raquel dê de beber ao rebanho de seu pai (29, 9-12).

A paixão por Raquel traz um problema grave. Sem dinheiro para pagar o dote pelo casamento, Jacob oferece ao seu tio o total de sete anos de trabalho em troca de Raquel, no que é prontamente atendido (29, 15-19).

Mas no dia do casamento, sem que ele saiba, quem Labão lhe entrega por esposa e ele consuma o casamento é a irmã mais velha de Raquel, chamada Lia. Indignado, Jacob procura o tio, e agora sogro Labão, e reclama do ocorrido. Labão alega o costume local que o obriga a casar primeiro a mais velha, para primeiro casar a mais nova. Diante do impasse, Labão propõe um novo acordo que é aceito por Jacob. Ele dará Raquel como esposa a Jacob, logo após a semana de bodas, mas Jacob terá de trabalhar por mais sete anos, totalizando 14 anos de trabalho pelas duas esposas (29, 20-29).

Eventualmente, o engano de Jacob pode parecer estranho ao leitor moderno. Mas é preciso entender os rituais de núpcias em tempos antigos, com a mulher adornada por inúmeros véus, pendentes, enfeites, a música, o excesso de bebida, a pouca luminosidade etc., são diversos os motivos que facilitam o razoável engano de Jacob[15].

Enfim, Jacob que por duas vezes enganara seu irmão Esaú, encontrou alguém que lhe enganou de bom jeito.

Era sabido a preferência de Jacob por Raquel em relação a Lia, mas Raquel era estéril, somente Lia lhe dava filhos, que se chamaram Rubem, Simeão e Levi (29 ,31-35). Raquel então se vale do costume mesopotâmico de ter filhos por meio da escrava, expediente usado por Sarah e Abraão, avós de seu marido (Gn 16). Então Raquel entrega sua concubina a Jacob que com ela tem dois filhos, Dã e Neftali (29, 1-8). Diante do fato, Lia também cede sua escrava Zilpa a Jacob, que ela tem os filhos Gad e Aser. Posteriormente Lia ainda teve dois outros filhos, Zebulom e Dina. Por fim, Raquel concebeu e deu a luz a um filho de Jacob que o chamou de José. (29, 22).

Observe que o texto narra uma disputa, conflito familiar intenso e de dias de dissabores entre as irmãs, agora esposas de um mesmo homem.

O episódio das mandrágoras mostra a insanidade da vida familiar de Jacob (30, 14-21).

As mandrágoras eram frutas que tinha, segundo se cria na época um poder afrodisíaco e fertilizante. Ruben filho de Lia lhe traz mandrágoras do campo. Raquel desejando as mandrágoras, pois era estéril, pediu que Lia lhe desse tais frutas. Lia então acusa Raquel de abuso, pois ela já tinha lhe roubado o marido e agora queria até as frutas que seu filho lhe presenteou. Pois bem, Raquel então sugeriu que lhe cederia o direito de sexo com o marido, pois ao que parece as irmãs faziam uma escala com o esposo, em troca das mandrágoras. Aceita a proposta, Raquel ficou com as mandrágoras e Lia se deitou naquela noite com Jacob. O episódio narra uma indignidade completa dentro da família, onde o homem é alugado por uma esposa em razão das mandrágoras dadas àquela que supostamente tinha o direito de se deitar com ele naquela noite. Como consequência pela ação vil de Raquel que alugara o marido, Deus fez Lia conceber mais um filho, para a frustração de Raquel (30 ,14-21)

O texto de Gênesis 29, 25-43, relata o enriquecimento de Jacob diante de seu tio Labão. Não bastou enganar Jacob quando do casamento com Raquel, Labão foi além e mudou várias vezes o salário de Jacob, explorando-o por muitos modos. Jacob então usa de um artifício hipnótico para enriquecer enquanto trabalha para o seu tio e sogro.

Ele já trabalhara para Labão por 14 anos em troca de suas duas filhas, quando então resolve partir. Labão se opõe e ajustam os dois uma forma de pagamento, segundo a qual as ovelhas brancas pertencerão a Labão, e as malhadas e listradas a Jacob. Diante do acerto, Jacob coloca varas listradas e manchadas perto dos locais onde as ovelhas cruzam com os machos e bebem água, com isso nascem mais ovelhas listradas e malhadas que ovelhas brancas. Claro que não é a magia que favorece a Jacob, mas a providência divina, que vê a exploração injusta que Labão submete seu genro (30, 25-43).

A artimanha é descoberta, os filhos de Labão provocam o pai e as relações com Jacob ficam ruins. Mais uma vez, Jacob terá de fugir.

2.2.3. Jacob foge de Haran e Labão o persegue

Jacob toma as suas mulheres, filhos, servos, animais e todos os seus bens e foge de Haran, retornando a Canaã, não demorando muito tempo para que Labão e seus filhos percebam a fuga e o persigam (31, 1-21).

Labão alcança Jacob e faz um discurso de um injustiçado, dizendo que Jacob fugira levando suas filhas e netos, sem que ele tivesse meios de se despedir em festa. E ainda relata que Deus lhe falou para não causar dano a Jacob (31, 22-25). Jacob se defende e alega todos os 20 anos de trabalho árduo e de fidelidade para com o seu tio e sogro (31, 26-42). Após árdua discussão, ambos fazem as pazes, um sacrifício a Deus cada um segue o seu caminho (31, 43-54).

2.2.4. A luta com Deus, o encontro com Esaú e a chegada a Siquém em Canaã

Jacob prossegue viagem com sua família, seus servos e seus bens, preparando-se para o encontro com Esaú seu irmão. Em sua mente, a lembrança clara dos embates com Esaú e a possível ira desse em razão da lesão ao seu direito à primogenitura e à bênção patriarcal (32, 4-6).

Enviando mensageiros de paz, esses trazem a notícia de que Esaú está vindo ao seu encontro com grande caravana, o que faz Isaac ter medo, pois ele imagina que essa vinda de Esaú será uma ação de vingança e ira. Como forma de minorar eventuais danos diante de um ataque do seu irmão, ele separa a sua caravana em dois grupos (32, 7-14), e ainda, preparou um vultoso presente ao seu irmão Esaú, composto de cabras, bodes, ovelhas e cordeiros (32, 15-22).

Durante a viagem para Canaã, Jacob terá de passar por um pequeno rio chamado Jaboque. Nesse momento ele se separa de sua caravana, atravessando sozinho o vau do rio Jaboque.

Nesse momento, o texto de Gênesis 32, 23-33 narra uma teofania curiosa, na qual Jacob luta com um homem durante toda a noite até o amanhecer, quando então o oponente de Jacob pede para ir, quando Jacob o segura e diz: “não te deixarei ir se não me abençoares”. Esse homem muda o seu nome para Israel, dizendo: “Não te chamará mais Jacob, mas Israel, porque foste forte, contra Deus e contra os homens e tu prevaleceste” (32, 27-30). Jacob lhe pergunta o nome, ele não revela o seu nome, mas abençoa Jacob (32, 31).

Em razão deste evento místico, Jacob chama aquele lugar de Peniel, em algumas traduções Fanuel, que significa “face de Deus”, pois entendeu ter visto Deus face a face (32, 31).

Robert Alter e Frank Kermode veem nessa luta uma catarse de Jacob, enfrentando todo o seu passado de enganador, de trapaceiro, pois ele tanto trapaceou seu irmão por duas vezes, que também por vezes foi trapaceado por seu tio e sogro. A passagem do riacho do Jaboque é assim uma conversão de Jacob, ali morre e fica para trás o Jacob trapaceiro e nasce um novo Jacob[16].

Essa cena é vista por Bergant e Karris[17] como um conjunto de mitos antigos, relacionados à travessia de rios e orações por bom futuro. O bom futuro no caso de Jacob será o seu encontro com Esaú. De todo modo, trata-se, na opinião das autoras de uma forma mítica para descrever uma intensa noite de orações e repensar de vida interior.

No mesmo sentido, Santiago Oporto e Miguel Garcia[18] veem aqui na luta e agonia a transformação e a conversão, lembrando a importância da mudança do nome. Ora, o homem que lutava com Jacob sabia o seu nome, mas ainda pergunta: “Qual o seu nome?” E então ouve a resposta: “Eu sou Jacob”, com outras palavras, “eu sou o suplantador”, “o trambiqueiro”, “o enganador”, para então passar a ter um nome digno, um nome de conversão, o nome de um outro homem, a saber, “Israel”, aquele que lutar com Deus.

Com um pouco mais de viagem, Jacob encontra o seu irmão Esaú. Mas aí acontece o inusitado, o temido encontro, que Jacob imaginava ser uma carnificina é na verdade amistoso e muito caloroso, pois os dois choraram de emoção nesse encontro depois de mais de 20 anos separados (33, 1-4).

Jacob apresenta a Esaú, seu irmão, todas as suas mulheres e filhos e os presentes que separado para ele. Esaú que é um homem rico dispensa o presente, mas Jacob insiste e Esaú aceita os presentes. Ao final, todos os ânimos passados, ódios e iras se desfazem nesse encontro (33, 5-11).

Jacob então chega a Siquém na terra de Canaã, que Deus prometera a Abraão, seu avô, a Isaac, seu pai, e a ele próprio, para ali fazer um grande povo.

2.2.5. Violência contra Dina

Uma vez estabelecido em Canaã, Jacob enfrenta um problema grave com três de seus filhos, seguido dos outros filhos (capítulo 34).

Dina, filha de Jacob e Lia, sofre um estupro por parte de um príncipe de Siquém, cidade do lugar. Diante disso, propõe-se o casamento entre ambos, pois o estuprador estaria apaixonado por Dina (34, 8-12).

Os filhos de Jacob dizem que somente poderia ser Dina esposa de um filho da terra se ele fosse circuncidado. Propuseram então que todos daquela família fossem circuncidados, como eles eram desde o tempo de Abraão, para então se casarem uns com os outros.

Aceita a proposta, todos os homens daquela família foram circuncidados. No terceiro dia, enquanto ainda se recuperavam das cirurgias de circuncisão, Simeão e Levi, irmãos de Dina, juntamente com os outros filhos de Jacob, foram até lá e mataram todos os homens da cidade ao fio da espada e tomaram todos os seus bens. Jacob os repreende, mas eles alegam a honra de Dina como motivo para a matança (34, 25-31).

É óbvio que a violência sexual contra Dina merece toda repulsa, e dada naquele tempo, até mesmo algum tipo de vingança violenta por parte da família de Jacob. Todavia, Santiago Oporto e Miguel Garcia[19] observam a desproporcionalidade da vingança perpetrada pelos filhos de Jacob, que dizimam toda uma cidade, matando todos os homens e tomando todas as suas propriedades. Tal nível de vingança vai contrastar com o perdão que Esaú deu a Jacob, e ainda, vai mostrar que o processo de conversão de construção de uma nova forma de vida será longo, mesmo com ação direta de Deus.

2.2.6. Jacob em Betel, o nascimento de Benjamin, a morte de Raquel e o incesto de Ruben

Depois de algum tempo em Siquém, Deus manda Jacob ir a Betel, o local onde ele sonhara com a escada que ligava o céu à terra, para ali erguer um altar e realizar um ato de adoração (35, 1).

Jacob então reúne sua família, esposas, concubinas, filhos e servos e determina que eles retirem de seu meio ídolos e deuses estrangeiros, o que revela um fato simples, a conversão de Jacob e de seus familiares, servos e daqueles que iam com ele é um processo lento, progressivo e constante (35, 2-5).

Lá chegando, Jacob faz como Deus lhe determinara, ergue um altar em Betel, quando então, em mais uma teofania, Deus refaz as promessas de constituir a partir daquela família uma grande nação, e ainda, reafirma a mudança de seu nome, que de Jacob passa a ser Israel (35, 6-14).

Partindo de Betel e estando perto de Éfrata, Raquel entra em trabalho de parto, quando nasce Benjamin, o último filho de Jacob. O parto foi complicado e Raquel vem a falecer, tendo Jacob sepultado Raquel em Éfrata, perto de Belém (35, 16-20).

Estando ausente de casa, Jacob soube que seu filho mais velho, Ruben, filho de Lia, deitou-se com Bila, serva de sua mãe e concubina de Jacob (35, 21).

2.2.7. Descendentes de Esaú

O capítulo 36 narra os descendentes de Esaú.

Gabriel Campos

Brasília – DF, 20 de janeiro de 2022

Memória de São Sebastião.


[1] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.115.

[2] Não muito distante da atual cidade de Gaza, na Palestina atual.

[3] [3] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.116.

[4] BERGANT, Dianne. KARRIS, Robert J. (Organ.). Comentário bíblico (Tradução Barbara Theoto Lambert). 8ª Ed. São Paulo: Loyola, vol. I, p. 77.

[5] OPORTO, Santiago Guijarro. GARCIA, Miguel Salvador (Organ). Comentário ao antigo testamento (Tradução de José Joaquim Sobral). São Paulo, Ave Maria, 1997, vol. I, p. 87.

[6] Idem, p. 79.

[7] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.115.

[8] [8] BERGANT, Dianne. KARRIS, Robert J. (Organ.). Comentário bíblico (Tradução Barbara Theoto Lambert). 8ª Ed. São Paulo: Loyola, vol. I, p. 79.

[9] JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia (Tradução Ruy Jungmann). Rio de Janeiro: Zahar, 1995, p. 171.

[10] CHAUNU, Pierre. A história como ciência social (Tradução de Fernando Ferro). Rio de Janeiro: Zahar Editores, p. 465.

[11] AQUINO, Rubim Santos Leão de (Organ.). História das sociedades. 3ª Ed. 20ª Reimpressão. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, p. 96.

[12] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.115.

[13] OPORTO, Santiago Guijarro. GARCIA, Miguel Salvador (Organ). Comentário ao antigo testamento (Tradução de José Joaquim Sobral). São Paulo, Ave Maria, 1997, vol. I, p. 26.

[14] BERGANT, Dianne. KARRIS, Robert J. (Organ.). Comentário bíblico (Tradução Barbara Theoto Lambert). 8ª Ed. São Paulo: Loyola, vol. I, p. 79.

[15] [15] BERGANT, Dianne. KARRIS, Robert J. (Organ.). Comentário bíblico (Tradução Barbara Theoto Lambert). 8ª Ed. São Paulo: Loyola, vol. I, p. 80. No mesmo sentido, valorizando o uso excessivo do vinho temos a opinião de OPORTO, Santiago Guijarro. GARCIA, Miguel Salvador (Organ). Comentário ao antigo testamento (Tradução de José Joaquim Sobral). São Paulo, Ave Maria, 1997, vol. I, p. 26.

[16] ALTER, Robert. KERMODE, Frank (Organ). Guia literário da Bíblia (Tradução Raul Fiker). São Paulo: Unesp, 1997, p. 65.

[17] BERGANT, Dianne. KARRIS, Robert J. (Organ.). Comentário bíblico (Tradução Barbara Theoto Lambert). 8ª Ed. São Paulo: Loyola, vol. I, p. 82.

[18] OPORTO, Santiago Guijarro. GARCIA, Miguel Salvador (Organ). Comentário ao antigo testamento (Tradução de José Joaquim Sobral). São Paulo, Ave Maria, 1997, vol. I, p. 26.

[19] OPORTO, Santiago Guijarro. GARCIA, Miguel Salvador (Organ). Comentário ao antigo testamento (Tradução de José Joaquim Sobral). São Paulo, Ave Maria, 1997, vol. I, p. 95.

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