A HISTÓRIA DE ABRAÃO
CAPÍTULO 11, 27-32
A História de Abraão constitui um tema importantíssimo no estudo das Sagradas Escrituras e da revelação, pois ela é o marco que divide propriamente a proto-história da revelação da história da revelação propriamente dita. Com outras palavras, com a história de Abraão, percebemos uma ação mais concreta de Deus, ingressando na história do homem, inaugurando uma via mais histórico-racional de sua revelação à humanidade.
1. Narrativa Bíblia
O texto de Gn 11, 27-32 narra a descendência de Taré até chegar a Abrão e seus irmãos Nacor e Arã.
2. Análise do texto de Gn 11, 27-32
A Bíblia narra a descendência de Noé a partir do capítulo 8, 10, quando ele gera seus três filhos: Sem, Cão e Jafé. Posteriormente, veremos no capítulo 10, 1-32, os descendentes dos filhos de Noé, sendo que especificamente no 10, 22-32, a narrativa dos filhos de Sem. Em seguida, temos a parte final do capítulo 11, 10-32, dando continuidade à narrativa da descendência dos filhos de Sem, filho de Noé.
Observe que essa sequência de textos (Gn 8, 10; 10, 22-32 e 11, 10-32) tem a função de traçar a descendência de Noé até a Abrão, com a finalidade de introduzir o leitor da Bíblia na história do patriarca Abrão.
Veja bem, no texto de Gn 10, 22-24, temos o início da descendência de Sem, filho de Noé, gerando, dentre outros filhos o Arfaxad. O Arfaxad gera Salé, que por sua vez gera Heber. No texto de Gn 11, 16-26, temos a descendência de Heber até Taré. Pois bem, Taré vai gerar Abrão, o patriarca que dará origem ao povo de Israel. A finalidade do texto é ligar Abraão a Heber filho de Sem, filho de Noé, marcando assim a origem semita de Israel. Os termos semita e hebreu para designar mais tarde o povo de Israel têm origem nas pessoas de Sem, filho de Noé e Heber, filho de Sem.
CAPÍTULO 12
O Livro do Gênesis é dividido em duas grandes partes, a saber, a proto-história e a História dos Patriarcas, sendo essa última subdividida em História de Abraão (Gn 12- 25,18), História de Isaque (Gn 25,19-35) e História de Jacob (Gn 25,19-50,14).
Abraão, originalmente denominado Abrão[1], que significa a partir do hebraico tem como significado “pai excelso”, “pai ilustre”, “pai elevado”, é um personagem que surge nas Escrituras como filho de Terah, descendente de Sem, filho de Noé (Gn 11, 10-32), habitante de Ur[2], região da Caldeia[3], próxima ao Golfo Pérsico, que é determinado momento emigra para região noroeste e vai viver com seus filhos Abraão, Nakor e Haran em Harran na Mesopotâmia, a mais de 1.000 km, de Ur.
Como se pode observar no mapa, a cidade de Ur dos Caldeus ficava a sudeste de Harran, mostrando que Terah e seus filhos viajaram para noroeste em direção à região da Mesopotâmia. Vale lembrar que a Mesopotâmia é a região fértil situada entre os rios Tigres e Eufrates, o próprio nome Mesopotâmia advém do grego mesopotamia (mesopotâmia), duas palavras gregas meso (meso, meio) e potamos (potamos, rio), significando assim a região meio dos rios, entre os rios, informando que ela se situava entre os rios Tigre e Eufrates.
A existência de Abraão pode ser situada por volta do século XIX a.C.
1. Narrativa Bíblica
O capítulo 12 do Gênesis se inicia com a vocação de Abraão. Deus chama Abraão e o manda emigrar da casa de sua família, para uma terra que lhe será mostrada (12, 1-9); em razão de uma fome na terra, Abraão emigra para o Egito (12 ,10-20). Abraão e seu sobrinho Ló se separam (13). A guerra dos quatro reis (14). A promessa e aliança de Deus com Abraão (15). O nascimento de Ismael (16). Novamente um aliança e a instituição da circuncisão (17). A aparição a Abraão em Mambré 18, 1-16; a intercessão de Abraão por Sodoma e Gomorra (18, 1733). A destruição de Gomorra (18, 1-29; os atos incestuosos das filhas de Ló (18, 30-38). Abraão em Gerara (20). O nascimento de Isaac (21, 1-7); a expulsão de Ismael e Agar (21, 8-20); Abraão e Abimelec (21, 22-32). O sacrifício de Abraão (22, 19); a descendência de Nakor (22, 30-23). O túmulo dos Patriarcas (23). O casamento de Isaac (24). O casamento de Abraão com Cetura e seus novos descendentes (25, 1-6); morte de Abraão (25, 7-11) e a descendência de Ismael (25, 12-18).
2. Análise do Texto
A questão mais intrigante acerca de Abraão é que ele próprio e sua família eram, como de comum aos povos da época, adeptos do politeísmo, fato que era sabido por seus descendentes. Josué, que substituiu Moisés na liderança dos descendentes de Abraão durante o êxodo do Egito, vai declarar essa condição mais de 800 anos depois de Abraão (Js 24, 2). Nada obstante esse passado politeísta de Abraão, não sabemos de que modo, em algum momento, Deus vai se revelar a Abraão, que por sua vez vai abandonar o politeísmo e não apenas crer em um Deus único, mas a partir dele surgirão as três principais religiões monoteístas atuais (Judaísmo, Cristianismo e o Islamismo).
Como se deu tal revelação? Deus falou diretamente a Abraão? Falou por meio de anjos? Falou em sonhos? Não sabemos a resposta, não existindo qualquer documento escrito ou tradição oral, afirmando de maneira peremptória de que forma Deus se revela a Abraão. Tão somente nos diz o texto de Gn 12, 1-2, que Deus disse a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; sê uma benção!”
De algum modo, podemos pensar que essas manifestações de Deus a Abraão eram verdadeiras teofanias[4], manifestações capazes de provocar uma reação, seja de resposta imediata em obediência, de fé e de mudança de vida.
Desde tempos imemoriais, Deus procurou falar ao homem pelos mais diversos modos, diz-nos o autor da Carta aos Hebreus (1, 1), inclusive, por meios que não conhecemos e cuja notícia nos chegou por meio de contos místicos, como aqueles descritos no Gênesis 1-11, que nos contam verdades imemoriais. No entanto, em certo estágio do desenvolvimento humano, Deus faz uma intervenção em termos de revelação de forma mais contundente, na forma do chamado de Abraão, com outras palavras, Deus começa a ingressar na história do homem[5].
A promessa feita a Abraão é de fazer dele uma grande nação, um grande povo com um nome famoso sobre a terra. Essa promessa no aspecto subjetivo, levando-se em conta apenas a pessoa de Abraão e sua família, já algo grandioso, todavia, sabemos que a promessa de Deus vai além de simplesmente abençoar Abração. Com efeito, o que existe aqui é uma importante etapa da revelação de Deus ao homem, na medida em que Deus está separando uma pessoa, para construir uma família, que formará um clã, que formará tribos, que formará um reino, que se desenvolverá a tal que, assim que chegar o tempo oportuno, o próprio Deus nascerá de uma mulher, desse povo, de uma mulher descendente de Abraão, para culminar com todo o processo de revelação de Deus ao homem. Mas essa revelação não se limita à descendência de Abraão, pois a parte final da bênção quando Deus diz que “em ti serão benditas todas as nações da terra, apontam para a universalidade da salvação. Tanto assim, é que São Paulo na Carta aos Gálatas explica que todos os que creem em Jesus Cristo são filhos de Abraão pela fé (Gl 3, 6-9). Com outras palavras, Deus escolhe Abraão para ser o pai do povo judeu, por meio do qual vai se encarnar na pessoa de Jesus Cristo. Então Abraão é pai dos judeus, segundo a descendência biológica, e pai de todos os que creem em Jesus Cristo pela fé.
Assim, o chamado de Abraão reveste-se de uma importância única na história da revelação, porquanto, o que estamos vendo aqui é uma importante etapa desse processo de revelação que vai desembocar na encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
2.1. Peregrinação de Abraão
É interessante anotar aqui que Deus não chama Abraão de Ur dos Caldeus, como normalmente se pensa, pois antes desse chamado, Terah e seus filhos, dentre eles, Abraão já haviam emigrado de Ur dos Caldeus para Harran. Dessa forma, o chamado de Deus é que Abraão saia de Harran e vá para a terra a ser mostrada, que é a terra de Canaã, ao sul de Harran, como se vê no mapa ao lado. Abraão atende à voz de Deus e segue para a terra de Canaã, levando consigo o seu sobrinho Ló, filho de seu irmão Harã. Interessante anotar aqui que o Terah, pai de Abraão, já morreu quando da época do chamado de Deus (Gn 11, 32), o que facilita não apenas a partida de Abraão em direção a Canaã, como também facilita a Abraão o rompimento com o passado idólatra e politeísta de sua família, como nos ensina o professor Padre Alberto Colunga, O.P[6].
Em razão de uma fome na terra de Canaã, Abraão desce para o Egito (12, 10-20). Essa ida para o Egito terá um episódio singular, na vida de Abraão. O professor Padre Alberto Colunga[7] ensina que constituía uma prática comum, em tempos de fome e grandes secas na região de Canaã, famílias inteiras descerem ao Egito e se fartarem das terras fertilizadas pelas enchentes do Nilo.
Uma vez chegando ao Egito, teremos um importante incidente na vida de Abraão, o que vai revelar a sua frágil humanidade, nada obstante, ser um homem obediente e temente a Deus.
Temendo que Sara seja atraída para o rol de concubinas do Faraó, Abraão a convence que ela deveria passar-se por sua irmã, pois temia ser morto, caso o Faraó a tomasse por concubina.
Assim efetivamente foi feito. Sarah foi vista pelo Faraó como uma bela mulher, sendo ela levada ao palácio e sendo Abraão extremamente favorecido pelo soberano egípcio em razão da beleza de sua esposa, que o Faraó a tinha como irmã (12, 14-16). Tal situação leva a ira de Deus contra o Faraó, com uma série de castigos. De algum modo que a Bíblia não nos conta o próprio Faraó percebe que Sarah é esposa de Abraão. Temendo maiores castigos ele devolve a mulher a Abraão, mostrando-se mais temente a Deus que o próprio casal (12, 15-19). Esse incidente marca o fim da temporada de Abraão no Egito (12, 20). Com isso, Abraão torna à terra de Canaã, para onde Deus o tinha enviado originalmente (13, 1).
O episódio de submeter Sarah a se tornar uma possível concubina do Faraó deve ser interpretado de maneira simples, tal qual está descrito. Trata-se de uma fraqueza de Abraão[8]. Ele que com tamanha disposição obedeceu a Deus quando do seu chamado, agora teme por sua vida, e, em lugar de confiar em Deus, busca em sua própria experiência, uma estratégia de sobrevida[9].
Dessa forma, podemos perceber agora o itinerário completo de Abraão, desde Ur dos Caldeus com seu pai até Harran (11, 31), de Harran até Canaã (12, 1-2), de Canaá ao Egito (12, 10-20) e do Egito de volta à Canaã (13, 1).
2.2. Fixação de Abraão, a separação de Ló e as promessas
Abraão é apontado no texto de Gn 13, 1-4 como um homem muito rico, possuidor de um enorme patrimônio em termos de animais, tendas, camelos, bois, jumentos, escravos, ouro e prata. De igual modo, seu sobrinho Ló, também é um homem muito rico (13, 5). A caminhada de dois homens ricos, com grande patrimônio levará ao surgimento de algum tipo de conflito de interesses, razão pela qual, eles se separam, cabendo a Ló o direito de escolher o seu lugar e pra onde quise ir (13, 8-9).
Essa concessão que Abraão faz a Ló, no sentido de ele escolher a melhor terra, cabendo a Abraão qualquer outra, com exceção daquela que o sobrinho escolher, é uma demonstração de fidalguia, generosidade e confiança em Deus por parte do patriarca[10].
2.3. A campanha dos quatro grandes reis
O capítulo 14 parece um texto estranho ao conjunto narrativo de Abraão e parece ter sido inserido posteriormente. Com efeito, ele não guarda uma harmonia com a peregrinação de Abraão e sua fixação na terra de Canaã. Ao que parece, a função desse texto é meramente literária e faz parte de uma narrativa de engradecimento de um líder de um povo, apresentando-o como um guerreiro, como um líder militar, um poderoso conquistador.
Ló, o sobrinho de Abraão de quem tinha se separado (Gn 13) é feito prisioneiro (Gn 14, 12-16) e quando Abraão fica sabendo, ele sai em socorro de seu familiar, levando consigo os seus mais ditosos homens e guerreiros (14, 14-16).
2.4. Melquisedec
Melquisedec é um personagem singular, misterioso, místico que aparece a Abraão e terá um papel igualmente singular, mesmo que apenas referencial, na história da revelação (14, 17-20). Ele é apresentado como Rei de Salém e Sacerdote do Deus altíssimo. Ele se apresenta a Abraão com pão e vinho, e então pronuncia uma em favor de Abraão, que lhe dá o dízimo de tudo quanto possui. O professor Alberto Colunga[11] anota que a visita misteriosa de Melquisedec, após a separação de Abraão e Ló, bem como as bênçãos proferidas em favor de Abraão, constituem uma recompensa de Deus à generosidade com que Abraão conduziu a separação de seu sobrinho Ló.
Existe uma tentativa de alguns intérpretes de relacionar Melquisedec à pessoa de Jesus, como uma espécie de mais uma das teofanias abraâmicas.
Os elementos que permitiriam essa comparação são o caráter sacerdotal do altíssimo de Melquisedec; o fato de ele ser Rei de Salém, em uma alusão à Jerusalém; a ausência de genealogia de Melquisedec, que parece não ter pai e nem mãe (Hebreus 7, 1-4); a celebração com Abraão por meio de pão e vinho, em uma alusão à Eucaristia; além de uma clara alusão a esse personagem por parte de São Paulo na sua Carta aos Hebreus 7, 3.
2.5. Promessas e aliança divinas
O texto de Gn 15 apresenta a segunda menção de uma aliança entre Deus e Abraão, depois da ordem de emigração contida em Gn 12. Aqui Deus aparece a Abraão em uma visão, prometendo-lhe uma grande recompensa e grandes bênçãos, no entanto, Abraão lembra que não tem filhos e sem descendência não haverá memória de seu nome após a morte (15, 1-3).
A promessa a Abraão então é que sua descendência será tão grande quanto as estrelas no céu. Abraão acreditou em Deus e em sua promessa, razão pela qual o texto bíblico diz “e isso lhe foi tido em conta de justiça”, isto é, quando Abraão acreditou em Deus, creu em sua palavra, no que diz respeito à descendência, isso foi considerado por Deus como uma fiel contrapartida por parte de Abraão (15, 6). Por essa razão, é comum referirmos a Abraão como o “Pai na Fé”.
Os animais que Deus pede que sejam expostos depois de mortos, a ponto de serem quase devorados por aves de rapina, simbolizam os descendentes de Abraão que padecerão por 400 anos de escravidão no Egito (15, 7-16).
Ao período de 400 anos de escravidão seguirá a libertação e então a fixação definitiva dos descendentes na terra de Canaã (15, 12-20).
Todo esse conjunto de promessas será cumprido e narrado nos últimos capítulos do Gênesis, bem como nos demais Livros do Pentateuco (Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) e no Livro de Josué, Juízes, Livros de Samuel e Livros dos Reis.
2.6. Nascimento de Ismael
Apesar da divina promessa de fazer de Abraão uma grande nação, com descendentes incontáveis, a esposa de Abraão, Sarah, é estéril. Adotando um costume antigo, Sarah oferece a sua escrava Hagar a Abraão para que essa lhe dê filhos, tendo Abraão acolhido a sugestão de Sarah (16, 1-3). Após a gravidez, Hagar passa a tratar Sarah com desprezo, em resposta, Sarah castiga Hagar e essa foge. No entanto, um anjo aparece à Hagar, faz-lhe promessa acerca do sucesso de vida do seu filho, que deverá se chamar Ismael e que será pai de uma grande nação (16, 4-12). Hagar dá a luz a Ismael e esse passa a ser criado não como filho da escrava, mas como filho de Abraão, como era o costume (16, 15).
Aqui é preciso entender esse evento, inicialmente sob o aspecto legal e costumeiro. Abraão viveu por volta do século XIX a.C. A Lei de Moisés, por meio da qual Deus começa a criar uma noção de moralidade dentre os descendentes de Abraão, somente será conhecida por volta do século XIII a.C., o que nos leva a pensar que Abraão viveu por volta de 600 anos antes da Lei.
O regramento jurídico mais conhecido da época de Abraão era o Código de Hamurabi[12], mas esse Rei da primeira Babilônia viveu por volta do século XVII e XVI antes de Cristo, portanto, ele é posterior a Abraão. Mas de todo modo, talvez, os costumes babilônicos, que mais tarde se tornarão lei no tempo de Hamurabi, fossem conhecidos de Abraão. Por certo eram conhecidos, pois Abraão, acabou por seguir esse costume, que veio se tornar o art. 145 do Código de Hamurabi, que diz:
“Caso um homem despose uma mulher e esta não lhe der filhos, ele decidindo tomar uma concubina, este homem tomará uma concubina, introduzi-la-á em sua casa; mas essa concubina não será igual à mulher”.
O professor Teodorico Ballarini[13] afirma que Abraão assim agiu em cumprimento da Lei de Hamurabi, mas ouso discordar dele, em razão de Abraão ter vivido antes de Hamurabi, por essa razão, prefiro pensar que o costume já era vigente ao tempo de Abraão e mais tarde esse costume, já aceito por todos, vem a se tornar uma Lei.
2.7. Nova aliança e a circuncisão
Aos 99 anos, Deus aparece a Abraão anuncia uma aliança com Abraão, relata o capítulo 17. Ora, o anúncio de uma aliança já havia sido feito em (12, 1 e 15), o que leva os biblistas e crerem que a história de Abraão é, em um primeiro momento, uma tradição oral, posteriormente vertida na forma escrita, mas esse trabalho fora realizado por mais de um autor e depois compilado em um único texto.
No caso específico da aliança anunciada no capítulo 17 é a instituição da circuncisão de todo macho na casa de Abraão, o que inclui ele próprio, seus filhos, empregados e escravos.
A circuncisão consiste na retirada do prepúcio, que é a pele que envolve a glande do pênis do homem. Segundo o mandamento dado a Abraão, todos os homens deveriam ser circuncidados, e a partir dali, todas as crianças do sexo masculino, deveriam ser circuncidados ao oitavo dia de nascimento (17, 4-14). A circuncisão seria o sinal externo da aliança de Deus com Abraão, devendo sofrer pena capital aquele que não se deixar circuncidar (17, 14). O texto de Gn 17, 23-27 afirma que Abraão deu cumprimento integral ao pacto celebrado com Deus.
A circuncisão não foi uma novidade no episódio de Abraão. Com efeito, diversos outros povos praticaram a circuncisão, inclusive em locais distantes da região onde viveu Abraão, como em algumas tribos da África e grupos primitivos da Austrália e da América. Nessas civilizações, a circuncisão era um rito de iniciação, normalmente praticado no início da puberdade, significando essa pequena amputação que os filhos gerados pelo homem circuncidado serão consagrados à divindade. Era a circuncisão uma medida meramente religiosa[14].
Nesse anúncio de aliança, além da circuncisão, outro elemento relevante foram as mudanças do nome de Abrão e Sarai, para Abraão e Sarah (17, 15-22), quando então Deus lhe promete um filho.
2.8. Aparição em Membré – Novo anúncio de aliança e nova promessa de um filho
Mais uma vez o texto do Gênesis anuncia uma aparição de Deus a Abraão e a promessa de um filho dele que seria gerado por meio de Sarah, sua esposa, nada obstante a narrativa de igual promessa no texto anterior (17, 15-22).
Desta feita, a aparição se por meio de três estrangeiros em viagem, que aparecem a Abraão na região do Carvalho de Membré (18, 1-3). Os estrangeiros são tratados com extrema benevolência por parte de Abraão, que lhes oferece água, bolos e uma refeição rica e farta (18, 4-8), como de costume entre os semitas.
Neste momento, os estrangeiros indagam por Sarah e dizem que voltarão em um ano, quando então Sarah terá tido um filho de Abraão (17, 9-12). Sarah riu, pois ambos eram idosos e em sua juventude ela fora estéril. Os visitantes percebem que Sarah duvida da predição, pois riu, ela nega o riso, mas eles reafirmam o riso (17, 13-15).
2.9. A intercessão de Abraão, a destruição de Sodoma e Gomorra e o incesto de das filhas de Ló
A narrativa da intercessão de Abraão por Sodoma se coloca como um prenúncio da misericórdia de Deus, um atributo que será exercido em toda a história da revelação em favor do pecador que se arrepende de seus pecados (18, 17-33)[15].
Diante do anúncio de que os pecados de Sodoma e Gomorra são de tal forma intensos que elas serão destruídas. Abraão então pergunta a Deus se ele ferirá os justos e injustos de uma mesma maneira, pois é possível a existência ali de cinquenta justos. Diante da resposta negativa de Deus, Abraão insiste que Deus não destrua as cidades caso existam ali 40 justos; e também para o caso de existirem ali 30 justos; e também para o caso de existirem ali 20 justos, e por fim, para o caso de ali existirem apenas 10 justos (18, 17-33).
A questão não é exatamente o número de justos, mas a infinita misericórdia de Deus que estará sempre pronta a ser posta em ação, na forma do acolhimento e do perdão, ainda que seja por uma só pessoa que se arrependa.
A destruição de Sodoma, uma cidade tomada pelo pecado e por toda sorte de maldade e impureza, não é incompatível com a misericórdia de Deus, pois ela retrata uma sociedade que obstinadamente afastou-se da reta consciência e buscou de forma ostensiva e concreta toda sorte de maldade.
Ló, o sobrinho de Abraão, é um residente em Sodoma, e nada obstante, a impureza dos seus habitantes, Ló guarda certo senso de justiça, em razão do aprendizado que teve do seu tio Abraão, no período que com ele conviveu.
Então dois anjos são enviados à casa de Ló, com o objetivo de levar a salvo toda a família, diante da iminente destruição da cidade (19, 1-3). Os homens da cidade, sabendo da chegada de “estrangeiros” à casa de Ló, vão até lá com a intenção de prática de atos homossexuais (17, 4,5). Nem mesmo o fato de Ló oferecer-lhes as filhas para a sua satisfação, conteve a intenção dos habitantes de Sodoma (17, 6-9), que foram feridos com uma cegueira por parte dos anjos (17, 10). O pecado dos atos homossexuais será reprimido por ocasião da Lei Mosaica entre o povo de Israel, segundo consta no Levítico 18, 22 e 20, 13.
Nesse momento, os anjos insistem que Ló, sua esposa, filhas e seus futuros genros deixem a cidade, sem olhar para trás, pois Deus a destruirá. Dispostos a saírem dali, Ló deixa para trás seus futuros genros, que não acreditam em suas palavras (17, 14). Durante a fuga, Deus fez chover sobre as cidades de Sodoma e Gomorra enxofre e fogo. A mulher de Ló, desobedecendo aos anjos, enquanto fugia, olhou para trás, sendo transformada em uma estátua de sal (19, 26).
Após a destruição de Sodoma e Gomorra, Ló e suas filhas passam a viver na região de Segor, uma cidade a nordeste do Mar Morto. Como os futuros genros de Ló ficaram e pereceram em Gomorra, as filhas de Ló, julgando que não existam homens dignos para se casarem com elas, preferem a prática do incesto, coabitando com o próprio pai, para então ter filhos e manter a sua descendência.
Esse caso de incesto é narrado em Gn 19, 31-36. Segundo esse relato, em épocas distintas, as filhas de Ló o embriagaram e mantiveram relações sexuais com ele, ficando grávidas e gerando filhos a partir do próprio pai. A filha mais velha, chamou o seu filho de Moab, que deu origem aos Moabitas, enquanto a filha mais nova chamou o seu filho de Bem-Amon, que deu origem aos Amonitas (19, 37-38).
O incesto nesse nível de parentesco, entre pais e filhos, já era àquele tempo tido como uma prática indevida, tanto assim que será punido pelo Código de Hamurabi, vigente poucas décadas depois de tal acontecimento. Mas é preciso ver tais atos com certa parcimônia, para aqueles dias, em que a questão da descendência tinha uma importância relevantíssima, havendo ainda a prática de somente se casar entre pessoas aparentadas. As filhas de Ló estavam vivendo com o pai e longe de qualquer clã ou família aparentada, sendo levadas ao desespero da necessidade de manter descendentes.
2.10. Aparição em Gerara
A vivência de Abraão em Gerara, cidade localizada próxima da atual cidade de Gaza, na Palestina, vai repetir a situação vivenciada no Egito (12, 10-20), pois aqui também Abraão, temendo Abimelec, o rei de Gerara, fez saber que Sara era sua irmã e não sua esposa, fato que faz o Abimelec levar Sarah para o seu harém (20, 1-2), Avisado em sonho, Abimelec devolve Sarah a Abraão e protesta a sua boa fé diante dele, porquanto, o próprio Abraão dissera que Sarah era sua irmã (20, 5-10). Abraão se justifica dizendo temer por sua vida, ademais, a sua mentira não foi completa, pois efetivamente Sarah era sua meia-irmã, pois era filha de seu pai, mas não filha de sua mãe (20, 12).
2.11. Nascimento de Isaac e expulsão de Hagar e Ismael
O cumprimento da promessa divina se faz por meio do nascimento de Isaac, filho de Abraão e Sarah (21, 1-7). O nome de Isaac, dado ao filho de Abraão e Sarah significa “riso”, pois Sarah riu quando o anjo de Deus disse que ela teria um filho da velhice (17, 13-15).
Isaac cresce e passa a ter uma boa relação com seu meio-irmão mais velho, Ismael, filho de Abraão com a escrava Hagar, o que reacende os ciúmes e a ira de Sarah até a situação se tornar insustentável, até que ela obriga Abraão a expulsar da família a Hagar e ao seu filho Ismael (21, 8-10).
Expulsa do clã familiar, Hagar e seu filho Ismael são socorridos por um anjo e tem suas vidas preservadas. Ismael cresce e se torna homem e passa a ter sua própria família (21, 20-21).
A questão da expulsão de Hagar pode ser vista sob a ótica de um provável costume da época, que mais tarde vai se tornar norma, na forma do Código de Hamurabi[16], em seu art. 146. Segundo essa norma, caso uma mulher estéril cedesse a seu marido uma escrava como concubina, e essa arvorasse para si a condição de esposa, ela será vendida, mas se a escrava gerou filhos, ela será marcada como escrava.
Ora, pela leitura do texto bíblico, isso foi exatamente o que aconteceu. Uma vez tendo gerado Ismael, Hagar passou a desprezar a sua senhora Sarah, nessa condição de senhora. Como ela gerou um filho a Abraão, ela não poderia ser vendida, mas deveria ser marcada e contada como escrava, isto é, perderia a condição de concubina e voltaria a ser reduzida à condição de escrava. Sarah agiu com relativo senso de justiça nesse contexto. Com efeito, não podendo vender Hagar como escrava, ela preferiu expulsá-la de sua casa. Embora a expulsão possa parecer um gesto desumano, na verdade não foi nada desumano, pois a expulsão resultou na alforria de Hagar da condição de escrava.
2.12. O sacrifício de Abraão
O capítulo 22 narra em seus versículos 1-19 um tema de grande complexidade e profundo significado religioso e antropológico – o sacrifício de Abraão.
O escritor do Gênesis diz que Deus pôs Abraão à prova pedindo que ele lhe oferecesse em sacrifício o seu filho Isaac (22, 1-2). Sem questionar, Abraão, que nessa época habitava em Bersabéia[17] (22, 19), cumpre integralmente a ordem, viajando com Isaac e dois servos para o local indicado por Deus. Ao chegar, Abraão deixa em um lugar os servos e sobe ao monte com o filho Isaac, a lenha e o cutelo para o sacrifício.
A caminho do local final, o próprio Isaac indaga ao pai, dizendo que estão ali todos os objetos para o sacrifício, mas não o cordeiro. Sem lhe dizer que ele próprio faria as vezes do cordeiro, Abraão se limita a dizer que “Deus proverá o cordeiro” (22, 6-8).
Lá chegando, Abraão prepara o sacrifício e quando vai imolar seu filho com o cutelo, um anjo lhe segura pela mão impedindo a morte de Isaac, quando nesse momento aparece, preso pelos chifres a um arbusto, um cordeiro, que é tomado por Abraão e oferecido a Deus em holocausto (22, 11-13). Abraão chama então esse lugar de “Iahweh Proverá” (22, 14). Como recompensa pela fidelidade extremada de tal gesto, Deus reitera todas as promessas feitas a Abraão anteriormente (22, 18).
O texto é impressionante e causa certa perplexidade, a começar pela própria aparente incoerência entre a promessa de construir uma grande nação, a partir de Isaac, e, ao mesmo tempo, pedir o sacrifício de Isaac. De idêntico modo, o texto causa certa perplexidade pelo seu próprio conteúdo que é a prática de sacrifícios humanos.
Os sacrifícios humanos foram uma prática em algumas culturas da antiguidade, sendo os casos mais recentes verificados entre os Astecas, quando do início da colonização americana no início do século XVI. Na legislação mosaica, que virá no século XIII, cerca de 600 anos depois de Abraão, tal prática será severamente proibida. Ora, não se pode imaginar que Deus tenha mudado de opinião quanto ao tema, razão pela qual, devemos afirmar que Deus jamais aceitaria a imolação de Isaac, jamais aceitaria um sacrifício humano.
A prova de que Deus jamais permitiria o desfecho da imolação de Isaac nos é dada pelo texto de Gn 22, 1, no sentido de que Deus estava pondo Abraão à prova, portanto, o sacrifício em si jamais ocorreria. Obviamente que para a Abraão que não sabia se se tratar de uma prova, a vivência da experiência foi dramática.
2.13. O túmulo dos patriarcas
O capítulo 23 narra a morte de Sarah aos 127 anos, quando então Abraão procura adquirir um local para o sepultamento de sua esposa. O pedido de Abraão é realizado com muita humildade, dispondo-se a pagar pela terra onde será sepultado o corpo de Sarah, e embora os seus proprietários se neguem a receber em um primeiro momento, Abraão insiste em realizar o pagamento e eles aceitam, realizando assim o sepultamento de Sarah.
Biblistas de renome[18] não conseguem perceber uma importância maior na descrição do capítulo 23, no que diz respeito à aquisição do imóvel para servir de sepultura à Sarah, e mais tarde, ao próprio Abraão.
2.14. Casamento de Isaac
Após a morte de Sarah e a velhice de Abraão já presente, será preciso providenciar o casamento de Isaac, para então ser garantido a Abraão a descendência, conforme Deus lhe prometera. Abraão então encarrega o seu servo mais velho, a providenciar uma mulher digna de se casar com seu filho, segundo o costume da época (24, 1-9).
O servo de Abraão vai então à terra Harran, onde viviam os parentes de Abraão. Ele então propõe a Deus em oração uma forma de reconhecer uma mulher digna de se casar com Isaac, recaindo essa escolha em Rebeca, filha de Batuel, filho de Melca, a mulher de Nacor, irmão de Abraão. Em outras palavras, Nacor irmão de Abraão, é o avô de Rebeca, sendo Abraão tio-avô de Rebeca, que passa a ser prima de Isaac, com quem irá se casar (24, 10-21).
O texto do capítulo 24, 22-49 narra todo o ajuste e informações e tratados realizados entre o servo de Abraão e a família de Rebeca, que compreendem ser uma vontade de Deus tal união (24, 50). Também a própria Rebeca, uma vez indagada se pretende aceitar a proposta de casamento, responde com clara disposição de aceitar (24, 58), tendo imediatamente partido com o servo de Abraão e se casado com Isaac (24, 66-67).
A beleza da narração, inclusive o ato encantamento de Rebeca quando vê o seu futuro marido, representado pela curiosidade e pela leveza e beleza do ato de cobrir-se com o véu (24, 64-65) serve como um exemplo do amor conjugal, que mais tarde será um mandamento de São Paulo aos esposos (Ef. 5, 22-26).
2.15. Novo casamento de Abraão e seus novos descendentes
Abraão já idoso tomou uma segunda esposa chamada Cetura, tendo com ela os filhos Zamrã, Madã, Madiã, Jesboc e Sué. Como de costume em uma sociedade patriarcal e arcaica, Isaac se torna o herdeiro principal, cabendo aos demais filhos uma porção menor dos bens de seu pai (1-5).
O texto da citação de uma segunda esposa de Abraão não tem uma importância digna de nota na narrativa da revelação, a não ser a fixação da ideia de Abraão como pai dos povos árabes[19].
2.16. Morte de Abraão e descendentes de Ismael
Abraão morreu, segundo o relato de Gênesis 25, 7 aos 175 anos tendo sido sepultado na gruta de Macpela que está defronte de Mambré, o mesmo lugar que ele comprara para a sepultar a sua primeira esposa, Sarah. Abraão foi sepultado por seus dois filhos, Ismael, filho de Hagar e Isaac, filho de Sarah (25, 9).
O texto de Gênesis 25, 12-18 traça a genealogia de Ismael, filho de Abraão e Hagar, que da origem aos ismaelitas, sendo esses antepassados dos povos árabes. No Alcorão[20] lemos: “Deus deu dons a todos Ismael, Eliseu, Jonas e Lot favor acima das nações. Com alguns de seus antepassados e seus descendentes, e seus irmãos; e nos escolheu e guiou-os até à senda reta”.
Gabriel Campos
09 de janeiro de 2022
Memória de Santo André Corsini
[1] Apesar de Abraão chamar-se originalmente Abrão, no presente texto ele será chamado de Abraão.
[2] Ur é o nome de uma cidade localizada nas proximidades do Golfo Pérsico, entre as fronteiras dos atuais Iraque e Irã. Existem evidências arqueológicas de que as primeiras habitações nessa região, que também é a foz dos rios Tigre e Eufrates, desde 3.000 a.C. cf. JAGUARIBE, Hélio. Um estudo conciso da história. São Paulo: Paz e Terra, v. I, p. 98.
[3] A região da Caldeia, onde se situava a cidade de Ur, como parte da mesorregião da Mesopotâmia, já era habitada há 4.000 anos a.C., tendo sido um dos berços dos primeiros núcleos humanos que se fixaram em um lugar abandonando a vida nômade, cf. [3] BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental (Donaldo M Garschagen). São Paulo: Globo, 4ª ed. Vol. I, pág. 16.
[4] Teofania, do grego Qeofaneia (teofaneia) um evento místico, onde a divindade se mostra de algum modo perceptível aos sentidos humanos, como por exemplo, a aparição de uma forte luz a Saulo de Tarso no caminho de Damasco e a voz que ele ouve (Atos 9, 3-7).
[5] COLUNGA, O.P. (Organ.). Professores de salamanca bíblia comentada. Madrid: La editorial catolica, vol. I, p. 174.
[6] COLUNGA, O.P. (Organ.). Professores de salamanca bíblia comentada. Madrid: La editorial catolica, vol. I, p. 174.
[7] COLUNGA, O.P. (Organ.). Professores de salamanca bíblia comentada. Madrid: La editorial catolica, vol. I, p. 178.
[8] LEAL, SJ. Juan (Organ.) La sagrada escritura texto y comentario antiguo testamento. Madrid, 1967, vol. I, p. 129
[9] OPORTO, Santiago Guijarro. GARCIA, Miguel Salvador (Organ). Comentário ao antigo testamento (Tradução de José Joaquim Sobral). São Paulo: Ave Maria, Vol. I, p. 75.
[10] LEAL, SJ. Juan (Organ.) La sagrada escritura texto y comentario antiguo testamento. Madrid, 1967, vol. I, p. 133.
[11] COLUNGA, O.P. (Organ.). Professores de salamanca bíblia comentada. Madrid: La editorial catolica, vol. I, p. 181.
[12] Código de Hamurabi, art. 145 in LIMA, J. B. de Souza. As mais antigas normas de direito. Valença: Editora Valença, 1980, p. 25.
[13] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.107.
[14] Posteriormente, já em tempos atuais, descobriu-se alguns benefícios de saúde relacionados à circuncisão, tais como a diminuição do índice de câncer de pênis e de contágio de doenças sexualmente transmissíveis. No entanto, essa profilaxia pode ser alcançada por outros meios, não se justificando a circuncisão para esse fim. Atualmente o entendimento é que a circuncisão, atualmente denominada postectomia, somente se justifica por indicação médica. Cf. BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.109.
[15] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.110.
[16] [16] Código de Hamurabi, art. 145 in LIMA, J. B. de Souza. As mais antigas normas de direito. Valença: Editora Valença, 1980, p. 26.
[17] Cidade localizada na região do Negueve, mais ao sul do atual Estado de Israel.
[18] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.113.
[19] BALLARINI, Teodorico. O.F.M. Cap. (Organ.) Introdução à bíblia (Tradução Ephaim Ferreira Alves). São Paulo: Vozes, 1975, vol. II/1, p.113.
[20] Alcorão, 6, 86.